Corisabbá

Clube

Falta de sócios e aclamação direta: o ciclo vicioso no comando do Cori


A aclamação de Anderson Kamar como futuro novo presidente do Cori-Sabbá jogou luz sobre o processo eleitoral de um dos clubes mais tradicionais do futebol do Piauí. Campeão estadual em 1995, o Alvinegro sobreviveu há décadas conduzido por dirigentes que, involuntariamente, alimentaram um ciclo vicioso nos últimos anos. A inexistência de sócios, em Floriano, culminou na criação de um atalho administrativo para viabilizar a eleição dos presidentes. Sem possibilidade de computarem votos em uma eleição direta, os dirigentes passaram a se eleger, reeleger e a indicar sucessores por meio de aclamação direta. A manobra vai na contramão do que prega o estatuto do clube.

Fundado no dia 24 de maio de 1973, o Cori-Sabbá nasceu da fusão de dois times amadores de Floriano: Corinthians-PI e Auto-Posto Sabbá deram origem à Águia no início dos anos 70. Segundo Maurício Miranda, atual presidente, o estatuto do clube segue inalterado desde então e nunca foi reformado. O documento determina que a escolha do novo presidente deve acontecer por votação de sócios-contribuintes, peças importantes do processo eleitoral, mas eles, na prática, nunca existiram. Hoje, segundo Miranda, o Cori não possui um sócio sequer em seus quadros.

Por conta disso, a inexistência de filiados forçou com que fosse encontrada uma alternativa para a transição de cargos. A aclamação direta por meio de indicação do presidente em exercício surgiu como uma porta. E passou a ser regra. Não há como precisar exatamente quando a prática entrou em vigor.

Foto: Arquivo PessoalMaurício Miranda, atual presidente do Corisabbá
Maurício Miranda, atual presidente do Corisabbá

- Nunca houve eleição no Cori-Sabbá, foi sempre passando de presidente para presidente. O estatuto está bem desatualizado. A gente resolveu aclamar o Kamar, que está junto com outro cara que iria disputar a presidência. Foi um consenso, mas foi colocado para o setor jurídico avaliar isso. O estatuto está ultrapassado. Enfim, estou deixando para resolverem, mas foi batido o martelo. O próximo presidente inclusive deve reformar esse estatuto – explicou Maurício Miranda.

Sucessor de José Bruno, ex-presidente do Cori, Maurício Miranda ficou à frente do clube nos últimos três anos e encerra sua gestão, em abril, com o processo eleitoral que vai conduzir o atacante Anderson Kamar ao cargo. A ata da assembleia geral apresentada pelo jogador prevê o mandato de 1º de março de 2019 até 1º de março de 2022.

NOVA DIRETORIA DO CORI (2019-2022)

PRESIDENTE: Anderson Kamar

VICE: Antônio Ferreira Silva

2º VICE: Aluísio da Silva

PRESIDENTE DE HONRA: Maurício Bezerra

DIRETOR FINANCEIRO: Adriano Paulo da Silva

DIRETOR ADMINISTRATIVO: Maurício Miranda

DIRETOR DE FUTEBOL: Faustivânio Venâncio, o Vanin

DIRETOR JURÍDICO: Jéssica Juliana da Silva

DIRETOR MÉDICO: Hugo de Araújo Coêlho

DIRETORIA DE MARKETING: Tamires Paixão Santana

DIRETOR DE BASE: Magnoel Gomes da Costa

- Nosso setor jurídico está trabalhando para mudar o estatuto. Estamos providenciando de mudar para time-empresa. O estatuto fala que quem tem direito de voto é o sócio-contribuinte, mas não existe mais. Porém, vamos atualizar e, por isso, eu peço a ajuda do povo de Floriano – comentou Kamar na primeira entrevista após o anúncio.

Com a proximidade do fim do mandato de Maurício Miranda, três pré-candidatos se lançaram oficialmente na disputa pelo cargo: Anderson Kamar, Junior Bocão e Tony Ferreira. Com a indicação direta de Kamar, Tony assumiu o posto de vice-presidente da chapa do jogador, intitulada “Cori mais que vencedor”. Com este cenário, Bocão informou à TV Alvorada, afiliada da Rede Clube, em Floriano, que desistiu oficialmente da briga pela presidência.

Rebaixado para a segunda divisão do Piauiense em 2016, o Cori-Sabbá ficou sem atividades profissionais desde então. A possibilidade de acesso na Série B prevista para o ano passado animou os dirigentes alvinegros, mas a competição não foi realidade por falta de estádios aptos a receber jogos. Após a homologação da transição de cargos, Anderson Kamar terá a difícil missão de recolocar o clube na elite e voltar a sorrir com a torcida em jogos oficiais do Cori-Sabbá.

Conteúdo publicado originalmente no Portal G1 - Piauí.

Fonte: G1